Prezados irmãos e irmãs,
“A política é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum”.
(Papa Francisco – Carta Encíclica Fratelli Tutti, n. 180)
Neste ano temos diante de nós uma grande e nobre tarefa: a escolha de vereadores e prefeitos dos nossos municípios. As eleições municipais têm uma importância fundamental: sanar problemas que tocam diretamente a vida de nossas comunidades e a promoção da vida para todos, com a superação do escândalo das desigualdades sociais e das múltiplas formas de violência.
Mesmo experimentando frustração e desânimo por soluções que não vemos chegar, isso não é motivo para desistirmos da responsabilidade pelo voto consciente. Dele dependem, por exemplo, a defesa e a promoção da vida desde a concepção até a morte natural, a valorização da família, o acesso à educação básica de qualidade, garantir o acesso de todas as pessoas à saúde integral, o cuidado com a casa comum, moradias dignas em lugares seguros e o olhar humano para a população em situação de rua, além da crescente onda de violência que assola os nossos municípios e a defesa clara ao meio ambiente e à casa comum, o nosso planeta. Essas são algumas das questões importantes que deverão ser administradas por aqueles que elegeremos. Antes de votar devemos verificar se os candidatos que escolheremos têm condições de favorecer e promover esses urgentes desafios.
A Igreja no Brasil não indica candidatos, mas oferece critérios cristãos e humanos, respeitando a consciência de cada cristão católico, para que façam uma escolha serena e consciente. Além do mais, a Igreja se opõe ao uso político da religião.
O equilíbrio entre os poderes legislativo e executivo é indispensável para a consolidação da democracia e o avanço da justiça social. Dê igual atenção à escolha do prefeito e à dos vereadores.
Não é fácil escolher um candidato pelas informações dos meios de comunicação e das redes sociais. Procure se informar através de fontes seguras sobre os candidatos nos quais você pretende votar e sobre as suas propostas. Sempre que possível, reúna-se com familiares, amigos e vizinhos, para conhecer melhor, até mesmo pessoalmente, quem pede seu voto.
Por tudo isso, é muito importante que você participe e motive outras pessoas a participarem nessa escolha da qual ninguém pode se isentar. Não desperdice seu voto. Não venda seu voto: “voto não tem preço, tem consequências!”. Compra e venda de voto no Brasil é crime!
Os membros de nossas comunidades, que têm vocação para a atuação político-partidária, são encorajados a se candidatarem, mantendo ainda mais a sua relação de proximidade a Jesus Cristo e à comunidade eclesial. Os valores cristãos são inspiração para a atuação a serviço do bem comum.
Além de escolher os candidatos é também nossa tarefa acompanhar seus mandatos e perceber se há empenho dos mesmos em realizar aquilo que propuseram no período de campanha. Tão importante quanto eleger é acompanhar a atuação política do eleito de maneira cidadã.
As eleições municipais de 2024 oferecem a todos nós a possibilidade de contribuirmos para a construção da democracia participativa. Das eleições não devem ficar legados de divisão e inimizade. Nossa fraternidade precisa sair reforçada, pois “em Cristo, somos todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).
Arcebispos e Bispos do Regional Nordeste 3 – Bahia e Sergipe